Autoconceito VS Conceito Real
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O ser humano é o ser mais evoluído por natureza. Possui um corpo que compreende partes exclusivamente animais e partes exclusivamente humanas. Quase todos os órgãos do corpo humano são anatomicamente análogos aos dos outros animais da sua classe. Apesar de alguns animais possuírem alguns órgãos com capacidades maiores que os humanos, estes, possuem um conjunto anatómico desenvolvido que ultrapassa todas as capacidades de todos os outros.
Resultado de milhares e milhares de anos de evolução natural, o aparelho vocal humano que produz dezenas de fonemas e o seu cérebro que os memoriza, formaram o duo ideal para a criação da racionalidade. Falar e pensar, e memorizar o que se pensa e fala, só o homem consegue.
A racionalização humana criou novos valores, novas ideias e novas realidades. E essas novas realidades reforçaram o crescimento de outras. A linguagem obrigou ao desenvolvimento do cérebro e vice-versa, e ambas obrigaram ao desenvolvimento de todo o corpo humano. Os sentidos humanos tornaram-se os mais desenvolvidos — o apuramento do paladar, olfato, audição, e principalmente do tato, são muito desenvolvidos no homem, assim como a visão, nomeadamente na sua sensibilidade às cores.
Todos estes aspetos criarem novas necessidades ao ser humano, incluindo as formas de se expressar, não só o que sentiam pela sua natureza animal, mas também pelo que sentiam pela sua capacidade de criação mental. Por essa razão, a natureza dotou o ser humano de características únicas, como a capacidade de corar porque mente, chorar porque está triste ou rir porque está alegre.
Qualquer sentimento emocional é um acumular de tensão que tem origem em tudo o que nos rodeia, ou em nós próprios, e vai contra a nossa capacidade de reação ou de compreensão imediata. As emoções são a forma de esvaziar essa tensão.
Os animais não têm compreensão, por isso não têm sentimentos, por isso não acumulam tensão emocional ou nervosa, e por isso não riem ou choram.
Se uma pessoa tem vontade de fazer alguma coisa, mas não a faz porque a consciência — a sociedade, a cultura, a religião, a lei e tudo o que é de origem humana — não permite, aí vai ser criada uma determinada tensão emocional que pode ser expressa das mais variadas formas: com depressão, violência, apatia, e normalmente acompanhada com tristeza por ser uma tensão negativa. Da mesma forma, se uma pessoa é acalmada por algo que não esperava, ou se sente uma satisfação superior á imaginada, fica também sem conseguir compreender e reagir. Acumula igualmente tensão que precisa ser igualmente esvaziada pelas emoções — agora de alegria. É o regresso do corpo ao equilíbrio saudável.
Nós temos sentimentos e emoções porque compreendemos umas coisas, mas não compreendemos outras. Se nós compreendêssemos tudo, também não teríamos emoções. As emoções estão intimamente ligadas ao desconhecido, ao duvidoso, ao ambíguo e ao incerto. Não existem emoções referentes àquilo que nós conhecemos ou desconhecemos totalmente. O que é totalmente consciente ou inconsciente não emociona.
As emoções podem ser agradáveis ou desagradáveis mas são todas adaptativas, isto é, orientam-nos para a nossa sobrevivência. As emoções são como um sistema de comunicações complexo, que regulam a forma como interagimos com o meio.
As emoções básicas são: Alegria, Amor, Surpresa, Ira, Tristeza e Medo. Cada uma destas emoções tem uma função. São como um “software” que servem não apenas para comunicar, mas para impulsionar à ação, e rápido.
Na maioria das situações do quotidiano estes comportamentos são-nos extremamente úteis. Por exemplo, se virmos uma cobra, o medo (tem a função de proteção e sobrevivência) vai-nos dizer para fugir; se perdemos um ente querido a tristeza (tem a função a reintegração pessoal, “motiva-nos a”) orienta-nos a sair do trabalho e ficar em casa para procurar “apoio”; quando estamos alegres estamos mais dispostos a explorar e experimentar novas situações, é mais fácil planear e adotar decisões de forma mais rápida, etc.
Mas, às vezes, as nossas emoções ficam desreguladas em padrões que não nos ajudam. Por exemplo, o medo empurra-nos a fugir de tudo, a tristeza de nos retirarmos das atividades que nos ajudam a sentir melhor, e a vergonha (sentimento secundário à tristeza) para nos escondermos de tudo, para que nunca tenhamos qualquer hipótese de nos relacionarmos e recuperar!…, provocando mais conflitos emocionais com os consequentes efeitos nefastos.
Os impulsos de evitamento do desconforto emocional a todo o custo podem dificultar a nossa vida: quando evitamos emoções indesejáveis, acabamos por perder todas as dimensões que as animam também. É quando precisamos de ativar o nível mais alto do nosso cérebro, o córtex pré-frontal, para refletir: Estarão estas emoções a empurrar-nos numa direção útil? Estão a permitir-nos viver a vida plena que gostaríamos de viver?
Se a resposta for não, o nosso córtex pré-frontal, a estrutura anatómica do cérebro mais recentemente desenvolvida no processo evolutivo, onde residem funções como pensamentos complexos, planeamento de comportamentos, expressão da personalidade, tomada de decisões ou modulação do comportamento social, sobrepõem-se ao nosso sistema límbico (“emoções”, à amígdala, o “coração emocional” responsável pelo processamento emocional, ou na aquisição das respostas de medo, desempenhando um papel central nas respostas de alarme e reação do organismo a determinados estímulos), empurrando-nos a agir para o lado oposto de como nos sentimos, mesmo que estejamos a sentir-nos realmente desconfortáveis no momento.
Isto permite-nos experimentar uma emoção difícil no momento, mas continuar a mover numa direção útil a longo prazo (por exemplo, permite à pessoa aproximar-se gradualmente dos seus medos e continuar a envolver-se em atividades que gosta, e com os outros, apesar de sentir tristeza ou vergonha).
Founder & CEO PTSD Center